sábado, 29 de setembro de 2012

Quero ser Grande!


Estava revendo pela “milésima” vez o filme Quero ser grande (Big), estrelado por Tom Hanks em 1988 e lembrado até hoje por muitos adultos-uma-vez-crianças. Para aqueles que ainda não tiveram o prazer de ver esse filme, farei uma breve contextualização. Josh, personagem principal do filme, faz um pedido a uma máquina de desejos em um parque de diversões. Seu pedido: quero ser grande. Sua vontade era parecer mais maduro, pelo menos fisicamente, para uma garota de sua escola que ele gostava muito. O pedido, por sua vez, foi realizado e no dia seguinte Josh, um menino de 12 anos, transformou-se em um homem de 30 anos. Obviamente, essa mudança drástica gerou desconfortos e privilégios para o garoto. 

Voltando para a questão principal que me fez pensar nesse filme. Percebo como nós, sendo adultos, crianças e adultos-crianças, queremos, muitas vezes, “pular” fases ou momentos da vida. Tudo bem que já tenhamos vivido situações que gostaríamos de adiantar para ver o que há em seguida, na expectativa de algo melhor e mais excitante. Outras vezes, ansiosos buscamos a resposta de um problema no futuro. E como somos seres curiosos por natureza inventamos formas de adiantar o processo atual.

 

Penso até que ponto isso pode ser saudável ou prejudicial para as pessoas. Por um lado, viver conformado com o presente pode nos tornar acomodados e sem vontade de buscar algo novo. Por outro lado, a ansiedade para ver um resultado sem vivenciar o processo de tentativa e erro, talvez limite nossa visão e aprendizagem. Afinal, quantas lições aprendemos antes de chegar a algum objetivo? Creio que aprendemos muitas!

Ao voltar para a história inicial do garoto Josh, vejo que seu desejo de crescer era importante para ele, pois queria conquistar uma menina muito especial. Entretanto faltou refletir melhor sobre sua estratégia. Quem sabe, manter-se fisicamente do seu jeito e buscar ganhar mais confiança para conversar e ficar mais próximo da garota não o traria resultados mais eficazes?

Penso que a vontade de “querer ser grande” tem sua utilidade. Ela nos estimula a procurar nossos desejos, ao mesmo tempo em que aproveitamos o momento presente com a curiosidade de uma criança.

 

 

sábado, 4 de agosto de 2012

Aquele friozinho...




Em tempos de frio como esse em Brasília, acordamos, saímos da cama batendo o queixo, e trocamos de roupa em questão de segundos. Inspirei-me no frio atual para falar de outro frio, aquele friozinho que sentimos na barriga. 

Minha hipótese é de que o famoso friozinho na barriga surgiu quando a primeira criança inventou alguma traquinagem e surpresa com o resultado causado em seu corpo, começou a rir. Depois sentiu vontade de repetir a atividade em busca da mesma sensação. 

Pois bem, uma vez que somos adultos, também surpreendemos com diversas situações e sentimos o mesmo efeito daquela criança faceira. A sensação é acompanhada de um estranhamento, como se algo estivesse fugindo do nosso controle (e realmente está). Após o reconhecimento dessa sensação, passamos pela fase da apreciação, a qual pode ser lenta ou rápida.

Os motivos para o friozinho são diversos! Um presente, o resultado de uma prova, o olhar de uma pessoa desconhecida, o início ou fim de uma viagem, dirigir de carro em uma descida, andar de montanha-russa, apresentar em público e entre outros.

A parte menos observada desse efeito, também chamado de borboletas na barriga (tradução literal do inglês), é o seu fim. Após o efeito, o indivíduo aprecia um momento de satisfação e bem-estar. Em seguida, as atividades voltam ao seu curso normal, como se nada tivesse acontecido. Na verdade, suponho que apenas “fingimos” voltar para nossa rotina, mas lembramos de uma forma distante daquele friozinho gostoso de outrora.

Por exemplo, a simples lembrança do primeiro beijo pode nos suscitar aquela mesma sensação juvenil de descobrir algo novo, e nem precisamos inventar uma máquina do tempo para relembrar o que sentimos naquela época. A imaginação faz a maior parte do trabalho. Seja o friozinho real ou fantasiado, ele nos faz muito bem! Surpreende nossas vidas e nos incentiva a continuar adiante.


 

domingo, 8 de julho de 2012

Quando as coisas boas acontecem...


O que esperar e como reagir quando algo bom nos acontece? Devemos agradecer infinitamente, sentirmo-nos privilegiados, aceitar como o curso natural da vida? Estamos mais preparados para aceitar e proceder quando eventos bons não se realizam do que quando são alcançados?

Algumas perguntas que levam a refletir... 

Na minha percepção, vejo a valorização das situações difíceis que vivenciamos, enquanto momentos de bem-estar são guardados em arquivos remotos da memória. O que fazer então para realmente aproveitar um ótimo momento da vida? Vejo exemplos de amigos que apresentam pontos de vista diferentes. Enquanto, no meu modo de ver, o comum é esperar situações chatas e nada agradáveis acontecerem, uma outra maneira é ter consciência de que naturalmente teremos bons momentos e momentos não tão bons em nossas vidas, e isso é o curso natural da vida. Viver para esperar algo sofrido não é de todo mal, ao mesmo tempo, somente contar com a expectativa de dias melhores tem sua utilidade.

Cada forma de agir possui uma finalidade dentro de um contexto. Enquanto nos preparamos para eventos de grande dificuldade, estamos exercitando a capacidade de planejar e simular comportamentos de autopreservação. Do mesmo modo que vivermos com esperanças de um futuro melhor, fortalece dentro de nós uma visão menos trágica e mais tolerável de mundo.

Por fim, apresento a ideia de combinar essas duas crenças: a vida não é só feita de dores mais também não é baseada na realização constante das nossas necessidades. Então como reagir quando as coisas boas acontecem?

Minha sugestão é aproveite ao máximo e tenha consciência de que faz parte de um momento de sua vida, assim como outros que virão (bons ou não)...Vivencie e aprenda com cada um deles!


domingo, 27 de maio de 2012

Diário de bordo



Pensando em viagens, percebi que tinha uma quantidade razoável de anotações sobre fatos que me marcaram entre as chegadas e partidas. Foram essas anotações ou diários de bordo que me inquietaram a escrever esse texto.

Antes da viagem, é comum sentir aquela ansiedade pelo que aguarda do outro lado. A estadia resume na satisfação em descobrir algo novo e encontrar sensações boas e familiares. Na partida, uma inquietação pelo retorno, sem saber como todas as mudanças afetarão o seu estado inicial. E por fim, na chegada, surge um grande desejo de iniciar novos e/ou antigos projetos.

É nessa hora que as famosas resoluções pós-viagem aparecem. Cuidar melhor da saúde, focar mais nos objetivos profissionais, ousar novos projetos pessoais e etc. Todas as resoluções parecem incríveis e viáveis, até voltar para casa, para rotina, para os velhos hábitos e pensamentos.


O que fazer para que tais resoluções não sejam momentâneas? Duas sugestões para você experimentar: definir e registrar suas resoluções com metas, objetivos e prazos; e conversar sobre suas resoluções com pessoas que se sinta à vontade, pois ao mesmo tempo em que compartilha interesses, pode reforçar suas próprias idéias.

Recomendo que as inquietações provocadas pelos diários de bordo sejam mantidas, em um nível saudável, após a viagem. Uma vez que essas inquietações impulsionam a mudança e o desvio da rotina, elas também podem ser úteis no momento em que esquecemos das nossas listas de desejos.

sábado, 28 de abril de 2012

O lado Loser


Todos nós temos um lado loser (perdedor) dentro nós, podendo ser atuante ou não em nossas vidas. Imagine situações embaraçosas que você já vivenciou ou até mesmo que observou outras pessoas passarem. Não é nada fácil relembrar e sentir novamente vergonha de si mesmo ou da pessoa que sofreu tal situação.  Por outro lado, penso que nosso lado loser pode criar uma oportunidade para descontrair e rir de nós mesmos. É nessas horas que o humor e uma perspectiva menos rígida da vida entra em ação para salvar as “vítimas”. 

Uso a expressão “vítimas” para ressaltar o papel que muitos de nós apresentamos em nossas vidas. O papel de vítima combinado com o lado loser nos faz sentir indefesos e incapazes de mudar algo que nos incomoda. Em contrapartida, o bom humor acompanhado do lado loser nos permite rir e debochar diante de imprevistos e procurar saídas.


 Então, o bom uso do lado loser pode colaborar para o bem-estar das pessoas? Sim, é uma hipótese que estou levantando agora. Sem procurar aprofundar em dados mais consistentes, posso dar exemplos fictícios e reais que reforçam essa hipótese. São retratados com frequência em seriados de televisão, personagens tipicamente losers que utilizam seus atributos ou situações pouco favoráveis para seu benefício. Por exemplo, os personagens a seguir: Betty Suarez do seriado Ugly Betty, o grupo de coral do seriado Glee,  e a turma de amigos do seriado Os Buchas.

Quanto aos exemplos reais poderia relembrar da minha fase não tão popular na adolescência ou da adolescência de meus irmãos e amigos. Resumindo, são exemplos quase todas as pessoas que conheço e que já viveram algum momento nebuloso e hoje levam a vida de uma forma mais leve, sendo menos críticos consigo.  Alguma semelhança com a sua vida?  Caso a resposta seja positiva: bem-vindo, loser! O importante é perder com bom humor e ganhar também, é claro!

sexta-feira, 30 de março de 2012

Sala de espera


Muitas esperas nós vivemos e criamos ao longo da vida. 
A espera: do dia seguinte; de um novo trabalho; de uma grande viagem; de novos sentimentos; de (re)encontros; de descobertas; de conhecimento; de diversidade; de tolerâncias...
O tempo de espera pode ser indefinido, assim como o tempo de vida. 
Então, vivemos enquanto esperamos a realização de nossas vontades. 
Uma contínua sala de espera.  


 

segunda-feira, 19 de março de 2012

Mudança de perspectiva



Estamos sujeitos à imprevisibilidade das relações humanas, ou seja, à mudança do foco e interesse que temos por uma pessoa e vice-versa. Como é estranho e curioso, ao mesmo tempo, que histórias de vida antes compartilhadas, agora não passam de vagas lembranças, borrões de memória, por assim dizer. As mudanças são tão recorrentes entre as pessoas que  é comum supor que estamos acostumados com tais acontecimentos. Não sei se na prática lidamos tão bem com essas “rupturas”. Contudo, posso afirmar que algumas vezes somos surpreendidos com a imprevisibilidade das amizades, namoros, casamentos e outros tipos de relações.

Pensando bem, a imprevisibilidade das relações está associada à mudança de perspectiva das mesmas. Em outras palavras, quando alguém modifica a importância que uma pessoa representa para si mesmo, na verdade está alterando também sua perspectiva sobre determinada relação. Uma observação: a importância atribuída a uma pessoa e a mudança de perspectiva pode ser consciente ou não para o responsável da ação.   


Saber que nossa visão atual sobre uma pessoa não é a mesma visão do momento em que a conhecemos e vice-versa pode ajudar a entender e aceitar melhor essas imprevisíveis relações. Talvez seja mais agradável pensar que não temos controle sobre os sentimentos do outro. Perceber que assim como já mudamos diversas vezes nossa perspectiva sobre várias pessoas, podemos mudar novamente sobre outras. Um borrão na memória pode parecer menos estranho agora, não acha?


sexta-feira, 9 de março de 2012

Por que não?

Por que não começar hoje algum dos planos guardados para depois? Por que não experimentar hoje algo novo? Por que não tentar hoje ver situações sob uma perspectiva diferente? Por que não questionar hoje as regras e modelos já conhecidos de vida? Por que não aceitar hoje uma mudança? Por que não pensar hoje sobre a vida que leva? Por que não? 




sexta-feira, 2 de março de 2012

Minha mãe sempre dizia...


Estava lendo a edição especial da revista Superinteressante – 53 conselhos errados que as pessoas dão, e identifiquei um tema a ser explorado: a aplicabilidade de um conselho. Estou considerando o conselho na forma mais simples e informal, recorrente em conversas entre amigos, familiares e conhecidos. A aplicabilidade, por sua vez, seria a utilidade do conselho para algum aspecto na vida das pessoas que os recebem.

Para os conselheiros de plantão, aqueles que adoram participar da vida dos outros e buscar soluções para os problemas, atenção: seus conselhos, na maioria das vezes, não são aplicáveis para quem está em apuros. Cuidado também, aconselhados antenados: as dicas que lhe são generosamente entregues podem não ser úteis a vocês. 

Diante desses alertas, você pode me perguntar: o que faço então com os conselhos que propago e recebo? Já tomando um pouco do meu próprio remédio, respondo: procure orientar a vida dos outros de forma despretensiosa, não taxativa e sem verdades absolutas. Evite “profetizar” seus próprios casos bem sucedidos como a única saída para as dificuldades de outras pessoas. Se ajudar, termine um conselho com a frase: essa é minha opinião, use-a da forma como achar melhor.

Quanto às informações que recebe, antes de incorporá-las ao seu modo de pensar, veja se o conteúdo é pertinente ao seu caso. Não é apenas porque um amigo fez ou deixou de fazer algo para sentir-se melhor que as mesmas ações funcionarão para você, uma vez que os dois possuem características pessoais, vivências e contexto de vida diferentes.


Considerando minha proposta generalista e sem qualquer tipo de evidência científica, reforço a importância do uso de outras fontes baseadas em estudos empíricos. Para todos os efeitos: estou apenas expondo minha opinião, fique a vontade para aplicá-la da forma que julgar melhor.


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Cobranças

Dizem que só depois da quarta-feira de cinzas é que inicia realmente o ano no Brasil. Então nesse clima pós-carnaval, nada mais apropriado do que falar sobre cobranças. A princípio podemos pensar naquelas mais fáceis de identificar. Aquela obrigação que algum familiar, amigo ou até mesmo um simples conhecido te aponta na maior naturalidade. “Como não pagou as contas?”; “Está na hora de arrumar emprego”; “Ainda não fez a matrícula naquele curso/academia e etc’’; “ E o namorado(a)/noivo(a)/esposo(a)?”; “ Pretende ter filhos quando?”. Essas são algumas falas que me lembro quando penso em cobranças sociais ou externas.

No entanto, ao falar sobre esse assunto, o que mais interessa é saber de que forma escutamos as “ladainhas”. Acredito que muitas vezes permitimos que as cobranças sociais afetem nosso próprio julgamento, seja porque nos identificamos com elas, seja porque estamos vulneráveis à opinião alheia. O importante é observarmos porque ficamos tão apreensivos, irritados e desconfortáveis ao receber a “notificação” de alguém. A forma como escutamos e assimilamos pode fazer uma grande diferença em nossas vidas.
 Percebe-se, então, uma outra forma de cobrança, que nomeio como interna. Independente das promessas que fazemos no início de ano, existem aquelas que inventamos durante anos, meses, semanas, dias, horas... Tais promessas freqüentemente disfarçam-se em cobranças. Mas essas cobranças são pouco perceptíveis, considerando nossa dificuldade de identificá-las e diferenciar das externas.

Sabendo que o ser humano é constantemente influenciado pelas cobranças (internas e externas), é possível, em primeiro lugar, diferenciá-las e verificar real importância delas na sua vida. Em segundo lugar, que tal fazer algo para que elas desapareçam ou minimizem?

Sendo nós os principais cobradores do que devemos ou não fazer, podemos ver as obrigações com menos rigidez e, a partir daí, colocarmos em prática apenas o que julgarmos saudável para nós. 
Fica a sugestão e não a cobrança!


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

No final das letrinhas...


Um dia desses estava vendo com minhas amigas o filme Amizade Colorida (Friends with Benefits) e fiquei muito pensativa a respeito de um tema: o amor idealizado. A história do filme basicamente fala da amizade de um homem (Dylan) e uma mulher (Jamie) que fazem o acordo de serem “amigos coloridos”, ou seja, manterem a amizade acrescida de um envolvimento sexual sem compromisso, em outras palavras, sem fidelidade um ao outro. Até aí considerei uma relação afetiva bem distinta daquela retratada na maioria dos filmes hollywoodianos. 

Entretanto, em um momento do filme Jamie percebe que está se envolvendo na relação com seu amigo. Dylan, por sua vez, não consegue admitir e aceitar que também está gostando de Jamie mais do que gostaria como uma amiga. Previsivelmente os dois terminam juntos no final e eu caio mais uma vez na “pegadinha” de ver esses filmes do gênero comédia-romântica, imaginando que apresentariam um modelo diferente de amor.

Devo esclarecer que minha crítica não é aos “finais felizes” nos filmes, mas ao fato de não abordar outro modo de relacionar amorosamente em que os protagonistas não necessariamente terminem juntos no fim do enredo. Conversando com amigos, cheguei à seguinte conclusão: a maior parte de nossas frustrações amorosas é decorrente do modelo de amor idealizado que nos foi incutido pela mídia. Deixe-me explicar o que seria no meu ponto de vista esse modelo de amor idealizado. A relação idealizada comumente entre dois pares é aquela em que apesar da dor e sofrimento demasiados, o amor sobrevive e ultrapassa todas as barreiras.

O amor não deveria “sobreviver”, mas “viver” uma história prazerosa. Não deveríamos nos acomodar com a idéia de que sofrer é a medida do amor, a não ser que sejamos masoquistas. O único “sofrimento necessário” em uma relação afetivo-amorosa é ocasionado por ajustes e concessões entre os pares, e quando ela chega ao fim (porque sim, muitas relações terminam, apesar das letrinhas no final do filme não mostrarem).

Pode parecer triste ou até mesmo amargurada a minha constatação, mas o que gostaria de propor com esse texto é que podemos sim ser felizes e acreditarmos no amor, quando o mesmo é saudável para nós. Não temos garantias do final feliz, mas enquanto estamos amando e nos faz bem é muito bom, e é isso que importa. Bem clichê dizer que devemos aproveitar o momento presente, mas felizmente é isso o que temos em nossas mãos. Podemos escolher nosso próprio roteiro!