quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

A sem-gracice da vida

A quarta-feira de cinzas chegou para nossa tristeza e alegria. Esse misto de emoções me fez pensar como aprendemos a supervalorizar o extraordinário, o grandioso, o fantástico e desvalorizar o tédio, as pequenas coisas que acontecem na vida da gente. Por muito tempo, achei que havia algo errado em mim quando nada de “especial” estava acontecendo em meu dia, ou em um período da minha vida. Até que muitos anos de análise e busca por autoconhecimento me fizeram entender que essas fases mornas e os momentos de tédio são extremamente importantes e necessários para o ser humano.

Poderia justificar que a sem-gracice da vida regula nosso organismo e mantém o equilíbrio psíquico entre os picos de euforia e tristeza. Mas quero chamar a atenção para o que dificulta estarmos bem com a nossa monotonia.

Certa vez, estava conversando com uma amiga casada que me perguntou como estava minha vida de solteira. Eu respondi: "Nada demais, está tranquila". Essa minha amiga ficou surpresa com minha resposta. Ela achava que eu devia estar aproveitando minha solteirice, saindo para todas as festas da cidade e conhecendo inúmeras pessoas. 

Entendo que parte do relato da minha amiga era reflexo dos seus próprios desejos, mas o que achei curioso nessa situação é como foi avaliada negativamente minha vida pacata de solteira. Por um breve momento, me senti culpada por não estar fazendo programações mirabolantes, nem trocando o dia pela noite. Logo percebi o peso desses julgamentos, entrei em contato com minhas próprias necessidades e me permiti sentir bem e à vontade com o meu momento.

Essa sensação de conforto e aceitação da sem-gracice é alcançada quando avaliamos as críticas (nossas e dos outros) sobre o nosso modo de vida e buscamos conhecer nossos próprios parâmetros de bem-estar. Ficar em casa no final de semana passou a ter um novo sentido para mim.


        


segunda-feira, 21 de março de 2016

O que vibra em você?


                                  

Saber o que vibra/motiva/impulsiona a vida de cada um, seja no campo profissional ou amoroso, é uma tarefa difícil. Há mais de um ano fiz um curso voltado para a inteligência emocional porque me encontrava perdida profissionalmente. Lembro que em determinado momento, a facilitadora do curso indagou ao grupo: o que vibra em vocês? A intenção de tal questionamento, a meu ver, era provocar cada um a pensar em seus reais desejos e motivações.

Considero tão importante essa indagação que sugiro que de tempos em tempos questione a si mesmo suas reais aspirações. Comece a investigação pelos pequenos detalhes, anotando cada ação prazerosa e significativa que já viveu até o momento, desde o simples escutar de uma música, ver um filme e até realizar um trabalho que sinta orgulho de si mesmo. Cada ação o levará a uma pista do que lhe vibra. Por exemplo, assistir determinado filme pode ter sido interessante pela temática, pela estética ou pelo sentimento despertado em você, e ao realizar essa análise encontrará possíveis formas de realização.

É importante ressaltar também que é possível ter várias aspirações ao mesmo tempo e essas aspirações podem mudar ao longo do tempo. Por exemplo, hoje o que me vibra é comunicar, orientar o desenvolvimento e evolução das pessoas. No futuro, outros interesses podem surgir e dessa forma as vibrações vão passando por constantes mudanças. E assim funciona o ciclo de questionamentos de cada um em busca dos seus próprios desejos.



sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Diversão de Um

           

Inspirei-me nesse momento para falar de uma ocasião única que cada indivíduo experimenta em seu próprio tempo: a diversão que a nossa própria companhia nos proporciona.  Não questiono o valor de estar com alguém amado, amigos, colegas e familiares, mas o estudo da companhia de via única tem me fascinado esses últimos anos.

Sabe aquela sensação de conforto, tranquilidade e bem-estar que procuramos em nossa vida? Então, ela pode ser provocada pelos nossos próprios desejos, pensamentos e comportamentos quando vivemos nossa descontraída e desengonçada solidão!

A arte de curtir a si próprio não é fácil para muitos. Eu mesma, sozinha em algumas situações, fico perdida sem saber o que fazer. Devo demonstrar confiança para as demais pessoas? Devo fingir que sou autossuficiente? Devo inventar que estou esperando alguém chegar para não parecer solitária?

Creio que não devemos a ninguém explicações ou justificativas para aproveitar nossa própria solidão. Estar só é um momento de grande liberdade! Podemos respirar, comer, andar e fantasiar no tempo que quisermos. A parte que cabe a nós é construir um ambiente interno agradável. Tendo iniciada essa etapa, basta curtir sua presença.


 


sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Receita de Felicidade



Estava refletindo no final de um curso que fiz mês passado sobre um tema que considero muito intrigante: a medida da felicidade. Sim! Porque a felicidade pode ser mensurada e palpável (vejam só!). Quando percebi que podemos mapear os “indicadores da felicidade” achei muito fascinante. Finalmente vou poder discriminar quais comportamentos, ações e atitudes podem proporcionar bem-estar e quais não.

 Identificar quais companhias fazem bem para si próprio e por fim vivenciá-las é uma ação que interfere diretamente na sua felicidade. Até aí, tudo bem! O questionamento surge antes do comportamento descrito. Como saber qual é a medida de felicidade para cada indivíduo?     

  Tal pergunta me provoca uma grande curiosidade. Vivemos em um tempo que o tema felicidade é muito valorizado. Existem revistas, livros, filmes e séries de tv que visam estimular atos diários de bem-estar. Especialistas vêm mapeando o que torna um indivíduo feliz. Pessoas bem realizadas profissionalmente e pessoalmente têm compartilhado suas experiências em grupos. Mas de que forma o indivíduo utiliza esse tipo de informação a seu favor?



Minha resposta a esse questionamento é que simplesmente muitas pessoas não sabem adaptar as informações recebidas para sua própria realidade. Para algumas pessoas ser feliz é alcançar um posto elevado no lugar que trabalha e ser reconhecido por seus pares e superiores. Para outros, ser feliz é viajar e descobrir novas culturas. Ainda há aqueles que sonham em cuidar de sua casa e família e por aí vão diversos modelos de felicidade. Não existe um único certo.

 Sugiro que ao entrar em contato com um exemplo de sucesso e realização, indague se o mesmo está de acordo com seus valores e conceito de felicidade. No mais, não posso dar a receita da felicidade porque senão meu texto não teria utilidade, além do mais, também estou procurando a minha própria receita.
  

sexta-feira, 7 de março de 2014

Ela

         Recentemente, assisti o filme "Ela" ("Her" em inglês) protagonizado pelo ator Joaquin Phoenix e surpreendentemente pela "voz" da atriz Scarlett Johansson (sim, somente sua voz). De forma resumida, explicarei a trama desta história futurista. Theodore vê uma propaganda e resolve comprar o produto oferecido: um sistema operacional (OS em inglês). O sistema apesar de não ser um humano, possui inteligência e sensibilidade de um.
            A cada dia, Theodore se surpreende com as habilidade de seu OS, que por sinal nomeou de Samantha. A partir deste ponto, apresento minhas percepções sobre o filme. Como a presença de um sistema operacional, ou uma "voz", melhor dizendo, pode afetar o humor de um ser humano?
            Enquanto pensamentos negativos e autocríticos habitam nossa mente, a "voz" construída artificialmente aponta uma forma de ver a vida e seus acontecimentos de maneira mais compassiva e madura. Por exemplo, enquanto o personagem principal lamenta por não conseguir dormir devido à diversos pensamentos não produtivos que passam por sua cabeça, a "voz" de Samantha (OS) convence-o de que essas preocupações não são úteis e sugere que ele tome uma xícara de chá para relaxar. Ele, por sua vez,  percebe como essa "voz" o faz sentir melhor consigo mesmo.
            De forma geral, interpreto essa "voz" como uma parte de nós mesmos. Aquela parte que se diverte com pequenas coisas, permite pensar novas ideias, faz companhia a nós mesmos em momentos difíceis e tenta mostrar que a vida não é tão dura. É claro que amigos e companheiros podem exercer tal função, mas nem sempre estaremos perto deles e precisamos contar  com a nossa "voz" diariamente.
            Ao sair da sala de cinema, percebi uma sensação de conforto e alegria. Afinal eu havia descoberto que tinha essa "voz" comigo. E você? Já descobriu a sua?

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Final de ano

“Eu quero sair... não me sinto bem aqui. Não me sinto bem em nenhum lugar da minha cabeça”. 
Penso que isto pode ser reflexo da retrospectiva do ano de 2013, falei até para uma amiga.  E ela me alertou sobre outra forma de pensar: agradeça pelo que você tem! Nada de lamentar!

Sim, sei que estou vendo o copo “metade vazio” e não “metade cheio”. O que fazer então?

Muitos podem dizer: faça algo, não fique parado! Ocupe sua mente, veja as situações de forma diferente. Entretanto, eu proponho algo diferente e desafiador: não faça nada! Deixe o momento passar, ocupe sua mente com nada... São nos espaços vazios que novas soluções tomam vida. Permita-se ver o que há de errado com você mesmo em um período do dia, e no outro período veja o que há de certo. Nada de se lamentar e colocar-se no lugar de vítima, apenas ter consciência do que está sentindo e vivendo. 

Posso dizer que isso é um aprendizado valioso e usarei em 2014, 2015, 2016...


quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A parte de cada um



Um tema que muito me inquieta nas relações humanas é a responsabilidade. Iniciamos um contrato implícito de responsabilidade, à medida em que a intimidade se desenvolve com outras pessoas. Nossa responsabilidade é medida frequentemente por gestos: um telefonema para a mãe quando está viajando, um e-mail a um amigo perguntando como ele está, um bom dia a um vizinho quando encontramos no condomínio, um aceno de cabeça a um desconhecido que cruzamos na rua. 

Tais comportamentos são estabelecidos, em parte, culturalmente e sujeitos à mudanças a partir do convívio em grupos. As responsabilidades podem ser superestimadas ou subestimadas. Ambos os casos, geram desentendimentos, frustrações e cobranças desnecessárias.

Um aluno que se aproveita de seus colegas de turma para obter uma boa nota no trabalho, sem realizar sua parte da tarefa, é exemplo de como fazer pouco caso da responsabilidade. Confesso que passei muitas vezes por situações como essa na escola e até mesmo na faculdade. Hoje, percebo que  muitas dores de cabeça poderiam ser evitadas impondo limites e exigindo que cada um cumprisse sua parte.

Também pode ocorrer uma situação em que a responsabilidade é exigida em excesso e os autores da cobrança sejam nós mesmos. Nesse caso, devemos reduzir nossas responsabilidades, perceber que a nossa parcela foi feita e não podemos "abraçar o mundo". Agora depende dos outros!